Muntuísmo
Muntuísmo, neologismo tirado pelo autor deste livro, da palavra Muntu (pessoa na língua bantu), se propõe como denominação de um modelo teórico de "personalismo africano". A corrente do personalismo, notoriamente lançada na França na primeira metade do século passado por Emmanuel Mounier, encontra o seu habitat mais natural na cultura africana que é essencialmente personalista, enquanto se sustenta sobre os três pilares desta corrente: pessoa, comunidade, Deus.
No ocidente, estes
pilares desmoronaram: Deus já morreu (executado pelas instância niilistas e
positivistas da contemporaneidade); a comunidade é concebida prevalentemente
como espaço de reivindicação dos direitos individuais (no sentido da filosofia
marxista ou filosofia da praxe) e a pessoa é reduzida ao indivíduo sem nenhuma
dimensão transcendental, sufocado na sua finitude (do preconceituoso fechamento
da cultura à ideia de Deus ficou consequentemente também fechado o acesso à
verdade da pessoa).
O Muntuísmo, a diferença do ubuntuísmo e do bantuísmo que
acentuam mais a dimensão comunitária, coloca no centro o Muntu o qual não
desaparece diante da comunidade (o comunitarismo africano é muitas vezes um
lugar comum contradito pela realidade) e nem diante de Deus (lembrar que os
africanos chegaram ao monoteísmo antes dos gregos e romanos!), mas encontra
propriamente a sua verdade plurimilenaria na dimensão horizontal e vertical da
sua existência. Uma maior énfase da centralidade da pessoa em relação à
comunidade, poderá marcar uma nova dinámica no desenvolvimento da humanitas
africana. "I am (Muntu) because I believe (Deus) and I love (Comunidade)
": é o aforismo que melhor sintetiza os três pilares do muntuísmo, ou
seja, do personalismo africano.
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