Angola: Mil Independências.

Mil Sofrimentos 


    Desde que Angola afirmou-se como país  independente em 1975, os jovens continuam a enfrentar muitos obstáculos no dia-a-dia. Segundo Samba (2018), “Historicamente, os primeiros estudos sobre a exclusão social dos jovens, marcam-se nos anos de 1920 pelas Ciências Sociais e concentram as suas abordagens em fenômenos como inflação e marginalização”. 

A juventude um fase de desenvolvimento
A juventude é entendida como uma fase de construção de identidade da sociedade que define os projectos do futuro. Além disso, a juventude é um período de vida marcado por ambivalências; é uma fase em que se experimenta muitas coisas, fase de desenvolvimento físico, emocional, psicológico e social;  e ainda é o período de tomada de consciência, de atitudes e de decisões face às situações importantes que podem influenciar e condicionar o futuro de cada um.

Jovens ontem e hoje
 Nos dias actuais, o conceito da palavra juventude, já não é o mesmo que se entendia há anos, pois ganhou outros traços semânticos, por causa de uma mera justificação, a chamada “era da globalização”;  
Na consciência da nossas sociedade, há duas identidades implícitas dadas aos jovens: 

I. Trata-se de perceber os jovens como uma ameaça à estabilidade social; 
II. Conceber os jovens como os sujeitos catalisadores da mudança social.
Antes a juventude era vista desde prisma do pensamento crítico em política, em filosofia e sobre prisma ideológico. Mas, hoje os jovens são considerados como detentores dos problemas, aliás, é dado aos jovens as responsabilidades de desvios da ordem social. Essa concepção  causa, muitas vezes, impasses nos mercados de emprego que por consequência, gera exclusão social por parte das entidades responsáveis por promover situações de empregabilidade. 
Entretanto, é da responsabilidade da própria juventude criar meios para sua sustentabilidade, mas para tal, o estado, nas suas ligeiras obrigações, deve proporcionar projectos de mercados de empregos, pois o mesmo  precisa dar possibilidades, incluir, nos diferentes espaços, a propagação de programas de emprego para jovens. Porque, assim irá contribuir, não só na redução de desemprego, como também na construção e desenvolvimento de potencial  dos jovens e, do modo geral, para o desenvolvimento econômico do país.
Damasceno (2008) entende que, apesar dos limites impostos pela socialização oriunda do mundo sistemático, a juventude constitui, de facto, um ator social, que, no seu quotidiano, não apenas reelabora os saberes adquiridos nas práticas escolares e sociais, mas também contribui para a construção da sociedade, tendo em vista a busca da mudança social. Essa busca é expressa por meio da crítica, da constatação, criação e, sobretudo, da vivência de novos padrões democráticos.
A juventude nos dias de hoje vive numa esperança dos sonhos não concretizados e desviados, por causa de teorização dos sistemas politico, sobre tudo da centralização do poder por parte dos que têm voz e vez. O quotidiano dos jovens das camadas populares é marcado  desintegração, o que faz com que os jovens e as suas famílias esteja desesperados perante situações formação,  e de busca de perspectiva. Contudo, o acesso ao emprego na fase da juventude, a construção de identidade e do espaço juvenil, ainda se encontra muito condicionada. A paz e a independência em alguns países de África trouxeram muitas oportunidades, mas colocou igualmente, muitos desafios, assim como as desigualdades sociais.

Jovens de Pais mudos
Hoje em dia é possível notar, em Angola, que a igualdade de oportunidades de emprego para os jovens não é ainda uma realidade. Os jovens de pais mudos, dos pais que não têm voz e vez, os desfavorecidos, por possuírem perfis sociais muito baixos, são os que mais têm probabilidades de enfrentar dificuldades de vária ordem. Diferente dos jovens dos pais herdeiros, dos mais favorecidos e detentores de perfis sociais muito elevados.

Consequências
A realização individual e social dos jovens é circundado por muitas dificuldades, que condicionam negativamente a transição para uma boa vida adulta, por falta de acesso à educação, de cuidados de saúde, habitação e oportunidade de emprego. Essas dificuldades acabam por dar aval à dependência total: permanência infinita nas casas dos seus progenitores. Ademais, isso gera desespero, frustração e oportuniza comportamentos de risco, sobretudo o consumo de estupefacientes, delinquência, prostituição, transmissão de doenças, gravidez precoce e etc. 
No entanto, a incerteza do futuro e a rapidez com que a sociedade actual se transforma levam a uma necessidade urgente de debates e estudos mais aprofundados sobre a condição em que se encontram os jovens, os comportamentos e atitudes dos jovens, bem como a compreensão das identidades e relações que vêm sendo construídas no âmbito das vivências juvenis.  Logo, só fora da utopia democrática em que um estado deverá primar e realçar o papel da juventude dentro duma sociedade e conseguir a demanda das necessidades ou dificuldades juvenil. Para o efeito, conforme (Bourdieu, 1983)  “ser jovem apresenta-se como uma condição essencial e o seu estatuto é sinônimo de vitalidade, empreendedorismo, modernidade, criatividade e dinamismo”. A falta das práticas das políticas públicas de apoio à juventude, bem como de programação de actividades culturais e (cinema, arte, ciência, teatro, bibliotecas, intercâmbios, etc.) e de lazer (actividades desportivas, encontros juvenis), liberdade, inclusão social e apoio científico, leva os jovens a elaborarem as suas próprias estratégias culturais e sociais [Autoemprego].

Escritor Angolano: Francisco Kiasemua 
 



Por: Francisco Kiasemua 

Enviar um comentário

0 Comentários